[Resenha] Quem é você, Alasca?

Autor: John Green
Editora: WMF Martins Fontes
Páginas: 229

Há duas semanas eu pedi para que vocês leitores escolhessem minha leitura dessa semana. Esse livro do John Green foi o mais pedido e por isso trouxe aqui minha opinião sobre ele pra vocês. Desculpe pela demora com isso, tive alguns problemas e não pude postar semana passada. Espero que gostem e obrigada pela participação de todos!

Miles Halter é um adolescente estranho e magricela, fissurado por  últimas palavras e cansado da maneira como leva sua vida. Vai para uma nova escola à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek.Ele conhece Chip Martin, apelidado de Coronel,  seu colega de quarto, os amigos dele Takumi e Lara, mas principalmente Alasca Young. A garota é uma enorme incógnita e encanta Miles de uma forma que ele não esperava. A pergunta que move Alasca não é o Grande Talvez que move Miles mas sim o "Como sairei deste labirinto?", as palavras de Simón Bolívar em sua própria morte. 

O que me encantou muito nesse livro foi a realidade com que ele retrata a vida adolescente. O modo como é feito o relacionamento de Miles, apelidado de Gordo, com seus novos amigos e a forma como essa amizade cresce ao longo do livro; o modo como a vida deles no colégio é descrita, e te faz perceber que é uma cópia fiel dos colégios reais; o modo como as personagens são criadas e cada uma tem suas características especiais. 

Meus personagens preferidos são o Coronel e a Alasca. Coronel é um cara muito inteligente de origem pobre, e por isso detesta os Guerreiros de Dia de Semana, essa é a forma que eles chamam os alunos ricos do colégio interno, que passam os fins de semana em casa, ele adora pregar trotes e se embebedar com Alasca. Alasca é meio que o eixo em volta do qual a história gira. Ela é  uma ótima amiga, feminista e que também odeia os Guerreiros de Dia de Semana, é bem inteligente e tem um dom especial para preparar trotes. Gosta muito de ler, de beber, de fumar , é sagaz e esperta. Alasca é o tipo de garota que todos amam, ela tem um brilho próprio, mas também tem uma parte de si mergulhada em trevas, como qualquer pessoa normal.

Outro ponto muito positivos é o modo como a narrativa é rápida e flui muito bem, é fácil ler bastante sem nem perceber, e isso é algo incrível se você levar em conta a quantidade de coisas no livro que te fazem pensar. Confesso que fiquei com uma baita ressaca literária, passei dias pensando nos pontos principais do livro e penso nisso até agora. Alasca faz com que Miles se desafie e tente entender o que é esse labirinto do qual precisamos sair, e isso faz com que você pense nessa mesma coisa. Ela muda Miles, ela o faz pensar diferente, e isso faz nós, leitores, percebermos coisas diferentes também.

Um livro que tem uma leveza digna de livros daquele estilo "só pra divertimento", mas que consegue abordar  questões até mesmo filisóficas. Achei uma grande combinação!  Esse livro marca o início da carreira de John Green, o autor que está conquistando uma legião de fãs com sua caraterística de abordar temas e perguntas sérias com uma leveza impressionante e que te prende à leitura. Recomendo para todos que já conhecem ou querem conhecer o autor.

Uma das ótimas citações do livro :

"Quando os adultos dizem: 'Os adolescentes se acham invencíveis', com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem quanto estão certos. Não devemos perder a esperança, pois jamais seremos irremediavelmente feridos. Pensamos que somos invencíveis poque realmente somos. Não nascemos, nem morremos. Como toda energia, nós simplesmente mudamos de forma, de tamanho e de manifestação. Os adultos se esquecem disso quando envelhecem. Ficam com medo de fracassar. Mas essa parte que é maior do que a soma das partes não tem começo e não tem fim, e, portanto, não pode falhar.

Eu sei que ela me perdoa, assim como eu a perdoo. As últimas palavras de Thomas Edison foram: “O outro lado é muito bonito”. E não sei onde fica o outro lado, mas acredito que seja em algum lugar e espero que seja bonito."

-Miles, p.226

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