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Espaço do leitor: Café (re)expresso



Conto enviado pela Tainá do Blog: Venenos e maçãs


Eu sei que enovelada no descompasso da nossa conversa, havia um nó a mais. É que nossa mão tende a se esbarrar quando faz frio. E sem querer no meio da conversa a gente tem essa mania de perder o olhar no olhar do outro. E se perde. Eu sei que eu nunca disse, você também não disse, mas sempre soube. Te queria mais perto. E mais perto era onde você queria estar, ainda sem dizer.
Por descuido seu braço faz contorno ao meu ombro, que se fecha pro coração não ficar tão à amostra. E agente então desenrola o novelo, e volta ao assunto norte sul, e cá estamos rindo da piada outra vez. O garçom trás o café em seguida você diz "já foi mais doce,não?". Ai eu quase grito sete vezes que fora, e uma oitava pra ver se por ventura volta a ser. Era doce quando éramos nós, e não novelo. Que saudades da doçura que tinha o café que a gente tomava rindo antes de você fechar a mala, sem me pôr dentro e ir ao norte.

Nossa mesa ao lado da janela faz vento demais, agora que está de volta, você sorri torto e ajeita meu cabelo. Pra compensar a ultima vez em que sua ausência me bagunçou. E você pergunta se depois de tanto tempo a mesa ainda era sua. Ela sempre fora, assim como eu também sempre fui antes mesmo que soubesse que um dia o lugar estaria vago. E vento da janela mais forte. Era sua antes mesmo de saber que algum dia o encontraria. Era sua a mesa, era sua eu também.

Você esquece o olhar em cima do meu outra vez. E se encontra. Olho o reflexo e me acho também. Mas a gente combinou do nosso jeito telepático que dessa vez não seria amor. Nem dessa e nem de outras. A gente combinou e eu assino nossa sina. Melhor. Já to até me acostumando com o gosto do café amargo, ás vezes até trago uma fivela na bolsa pra não ver meu cabelo bagunçar. Eu estou ótima. Bem como nunca estive. E quase te provo.

Não faz isso, não faz essa coisa de deixar a música ambiente ficar pequena toda vez que você diz algo. Não faz eu ouvir os nomes, no cabeçalho da parede, ao som da sua voz. Sem essa coisa de deixar as histórias pequenas, porque você brilha mais. É tão injusto. Não faz também essa coisa de deixar as fileiras de palavras infinitas, pequenas, diante do norte e sul que só existe quando estamos juntos. É injusto ofuscar o mundo só porque eu me vejo no seus olhos. E brilho.

Não me faz achar a vida mais bonita quando estou contigo, porque quando não estou o que fica parece tragédia. Não me deixa virar a noite outra vez abraçando o travesseiro forte pra lembrar do seu abraço. Não me deixa ouvir uma música e lembrar de como você a tocaria. Não quero outras noites jogadas no sofá de tanto rir porque você dançando é patético. Não é amor a gente jurou que não. Amor é outra coisa. Essa tendencia que temos a ligar um para o outro é impulso. Hábito.

A gente combinou e vai seguir assim. A bagagem era pequena pra caber o meu coração que fica grande com você. E você levou só ele. Não tem importância. Quase não sinto falta. Nada faz falta quando você tá perto de novo. Portanto pare. Não diminua o mundo com sua grandeza. Parece piada a gente se sentir assim com o nosso não- amor tão puro. As outras sete bilhões de pessoas no mundo não são tão doces quanto nossas xícaras lado a lado.

Ai meu deus. Só não me deixe ficar acordada pela madrugada conferindo o celular pra ver se é você quem me liga. Impede essa vontade que eu sinto de dizer pra todos que eles não serão como você. E que no fundo eles servem pra me mostrar o quanto estar com você é exato. E que eu abriria mão do progresso, só porque olhar pra trás é esbarrar em você.

O nosso não-amor é tão maior do que seria se fosse só amor. Eu queria te amar mais, te amando menos, me confundo. Por esse nosso não-amor eu me mantive viva, só por morrer de amores por você. Pra te ter de novo eu tive que não te ter mais. Mas tudo bem. Está como combinamos. Enquanto isso, deixa que eu visto essa pele de gente bem resolvida e continuo a rir do nosso não-amor pra poder rir contigo outra vez. Pode deixar, que vou fingindo que meu café é doce, e finjo que estou fingindo quando te peço pra que não me deixes.








Comentários

Juliana Rabelo disse…
bela história...

http://juhhrabelo.blogspot.com.br/
Unknown disse…
Texto lindo demais,pura emoção!Já estou até seguindo ela =)
Um beijo grande.
Camila Vieira

http://cami-lices.blogspot.com.br/
Jaqueline disse…
Testo lindo, gostei da ideia de dar chances aos seus leitores de publicar textos aqui no seu blog, beijo linda!

www.garotaxmulher.com
Midiã Cardoso disse…
É linda mesmo né?
Ela está de parabéns ^^
Beijos.
Unknown disse…
Amei o textinho! A ideia de dar oportunidade aos leitores é sensacional :3

Larissa,
garotameiosangue.blogspot.com.br
Tainá Oliveira disse…
Que linda Midi, obrigada pela oportunidade, e por ter me dado um espaço no seu cantinho. Adorei participar, você é uma super fofa e seu cantinho já é mais do que querido. Obrigada também às suas leitoras queridas por todo o carinho.

Um super beijo


http://venenosemacas.blogspot.com.br/

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